A paciência é uma virtude essencial para o cristão, pois demonstra a sua confiança em Deus e a sua esperança na sua promessa. A carta aos Hebreus, escrita para encorajar os cristãos judeus que enfrentavam perseguições e tentações de abandonar a fé, destaca a importância da paciência em vários aspectos. Neste artigo, vamos explorar o significado da paciência em Hebreus, baseando-nos na Bíblia Sagrada Cristã.
A Paciência como Resistência
Um dos sentidos da paciência na Bíblia é a capacidade de suportar as adversidades e as provações com firmeza e constância. O termo grego usado para isso é hypomone, que significa literalmente “permanecer sob”. Esse tipo de paciência é o oposto da ansiedade, da desistência e da rebeldia.
Em Hebreus, vemos que os destinatários da carta tinham experimentado esse tipo de paciência, pois haviam suportado “muitas lutas e sofrimentos” por causa do evangelho (Hebreus 10:32). Eles haviam sido expostos a insultos e perseguições, e haviam se solidarizado com os que estavam presos e com os que tiveram os seus bens confiscados (Hebreus 10:33-34). Eles haviam demonstrado uma “grande confiança” em Deus e uma “alegria” na sua herança celestial (Hebreus 10:34).
No entanto, eles ainda não haviam alcançado a plenitude da salvação, pois precisavam perseverar até o fim. Por isso, o autor de Hebreus os exorta a não abandonarem a sua confiança, mas a manterem a paciência, pois “é necessário que, com paciência, façam a vontade de Deus e recebam o que ele prometeu” (Hebreus 10:36). Ele também os lembra do exemplo dos antigos heróis da fé, que “por meio da fé e da paciência herdam as promessas” (Hebreus 6:12).
A paciência como resistência é uma virtude que honra a Deus, pois mostra que confiamos na sua fidelidade e na sua soberania. Também é uma virtude que nos beneficia, pois nos prepara para receber a recompensa eterna que Deus tem para nós. Como diz o autor de Hebreus: “Porque vocês precisam de perseverança para, depois de terem feito a vontade de Deus, receberem o que ele prometeu” (Hebreus 10:36).
A Paciência como Espera
Outro sentido da paciência na Bíblia é a atitude de esperar pacientemente pelo cumprimento das promessas de Deus. O termo grego usado para isso é makrothumia, que significa literalmente “longanimidade” ou “demora em irar-se”. Esse tipo de paciência é o oposto da impaciência, da murmuração e da incredulidade.
Em Hebreus, vemos que os destinatários da carta tinham essa esperança nas promessas de Deus, pois haviam “aceitado com alegria” a perda dos seus bens, sabendo que possuíam “uma propriedade melhor e permanente nos céus” (Hebreus 10:34). Eles haviam compreendido que a sua vida nesta terra era passageira e transitória, e que a sua verdadeira pátria era a celestial (Hebreus 11:13-16).
No entanto, eles ainda não haviam visto o cumprimento das promessas de Deus, pois elas eram futuras e invisíveis. Por isso, o autor de Hebreus os encoraja a não desanimarem, mas a continuarem a esperar com paciência, pois “aquele que prometeu é fiel” (Hebreus 10:23). Ele também os aponta para o exemplo de Abraão, que “esperou com paciência e recebeu o que Deus havia prometido” (Hebreus 6:15).
A paciência como espera é uma virtude que glorifica a Deus, pois mostra que cremos na sua veracidade e na sua bondade. Também é uma virtude que nos alegra, pois nos faz antecipar a realização do que Deus tem preparado para nós. Como diz o autor de Hebreus: “Portanto, não joguem fora a confiança que vocês têm; ela será ricamente recompensada. Vocês precisam perseverar, de modo que, quando tiverem feito a vontade de Deus, recebam o que ele prometeu” (Hebreus 10:35-36).
A Paciência como Imitação
Um terceiro sentido da paciência na Bíblia é a qualidade de ser bondoso, gentil, tolerante e misericordioso com os outros. O termo grego usado para isso é epieikes, que significa literalmente “razoável” ou “moderado”. Esse tipo de paciência é o oposto da dureza, da aspereza, da intolerância e da vingança.
Em Hebreus, vemos que os destinatários da carta tinham demonstrado esse tipo de paciência, pois haviam se compadecido dos que sofriam e haviam se mantido livres do amor ao dinheiro e da cobiça (Hebreus 10:34; 13:5). Eles haviam praticado o amor fraternal, a hospitalidade, a solidariedade e a benevolência (Hebreus 13:1-3,16). Eles haviam seguido a paz com todos e a santidade, sem a qual ninguém verá o Senhor (Hebreus 12:14).
No entanto, eles ainda não haviam atingido a perfeição da paciência, pois precisavam crescer na graça e no conhecimento de Deus. Por isso, o autor de Hebreus os instrui a não se esquecerem da paciência, mas a imitarem os que a possuem, especialmente o Senhor Jesus Cristo, que é o “autor e consumador da fé” (Hebreus 12:2). Ele também os exorta a considerarem “aquele que suportou tal oposição dos pecadores contra si mesmo, para que vocês não se cansem nem desanimem” (Hebreus 12:3).
A paciência como imitação é uma virtude que reflete a Deus, pois mostra que somos seus filhos e que temos o seu caráter. Também é uma virtude que nos aperfeiçoa, pois nos faz conformes à imagem do seu Filho. Como diz o autor de Hebreus: “Lembrem-se dos seus líderes, que lhes falaram a palavra de Deus. Observem bem o resultado da vida que tiveram e imitem a sua fé. Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e para sempre” (Hebreus 13:7-8).
Para Refletirmos
A paciência é uma virtude indispensável para o cristão, pois revela a sua fé em Deus e a sua esperança na sua promessa. A carta aos Hebreus nos ensina que devemos ter paciência em três sentidos: como resistência, como espera e como imitação. Essa paciência nos ajuda a enfrentar as dificuldades, a aguardar as bênçãos e a reproduzir as virtudes do nosso Senhor Jesus Cristo, que é o nosso exemplo supremo de paciência.