A generosidade é uma das virtudes mais valorizadas na Bíblia Sagrada Cristã. Ela revela o caráter de Deus, que é amoroso, gracioso e provedor. Ela também demonstra o nosso compromisso com o seu reino, que é baseado na justiça, na paz e na solidariedade. A generosidade é uma forma de adoração a Deus, de gratidão pelo que ele fez por nós e de testemunho do seu evangelho.
No livro de 2 Coríntios, o apóstolo Paulo aborda o tema da generosidade de forma profunda e prática. Ele escreve aos cristãos de Corinto, uma cidade rica e cosmopolita, que enfrentavam muitos desafios e tentações. Paulo os exorta a serem generosos com os irmãos necessitados da Judeia, que sofriam com a fome e a perseguição. Ele também os incentiva a serem generosos com ele mesmo, que era seu pai espiritual e ministro do evangelho.
Neste artigo, vamos estudar alguns princípios bíblicos sobre a ética da generosidade em 2 Coríntios. Vamos ver como Paulo ensina os coríntios a praticarem a generosidade de forma sincera, voluntária, proporcional, sacrificial e frutífera.
A Generosidade Sincera
A primeira característica da generosidade bíblica é que ela deve ser sincera, ou seja, motivada pelo amor e não pela obrigação, pela vanglória ou pelo interesse. Em 2 Coríntios 8:8-9, Paulo diz:
“Não digo isto como quem manda, mas para provar, mediante o zelo de outros, a sinceridade de vosso amor; pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre, para que pela sua pobreza fôsseis enriquecidos.“
Paulo não queria impor aos coríntios uma ordem para contribuírem com os pobres da Judeia. Ele queria que eles fizessem isso por amor, seguindo o exemplo de Cristo, que se entregou por nós na cruz. A generosidade sincera é uma resposta ao amor de Deus por nós.
A Generosidade Voluntária
A segunda característica da generosidade bíblica é que ela deve ser voluntária, ou seja, fruto de uma decisão livre e consciente. Em 2 Coríntios 8:10-12, Paulo diz:
“E nisto dou o meu parecer; pois isto vos convém a vós que primeiro começastes, desde o ano passado, não só a participar mas também a querer; agora, pois, levai a termo a obra, para que, assim como houve a prontidão no querer, haja também o cumprir segundo o que tendes. Porque, se há prontidão de vontade, é aceitável segundo o que alguém tem, e não segundo o que não tem.”
Paulo lembra aos coríntios que eles já tinham manifestado o desejo de ajudar os irmãos da Judeia no ano anterior. Ele os encoraja a concretizar esse desejo, sem demora ou desculpas. A generosidade voluntária é uma expressão da nossa vontade alinhada à vontade de Deus.
A Generosidade Proporcional
A terceira característica da generosidade bíblica é que ela deve ser proporcional, ou seja, baseada na capacidade e na disposição de cada um. Em 2 Coríntios 8:13-15, Paulo diz:
“Pois digo isto não para que haja alívio para outros e aperto para vós, mas para que haja igualdade, suprindo, neste tempo presente, na vossa abundância a falta dos outros, para que também a abundância deles venha a suprir a vossa falta, e assim haja igualdade; como está escrito: Ao que muito colheu, não sobrou; e ao que pouco colheu, não faltou.”
Paulo não queria que os coríntios se sentissem sobrecarregados ou explorados com a coleta para os pobres da Judeia. Ele queria que eles contribuíssem conforme as suas possibilidades e necessidades. A generosidade proporcional é uma forma de promover a igualdade e a partilha entre os membros do corpo de Cristo.
A Generosidade Sacrificial
A quarta característica da generosidade bíblica é que ela deve ser sacrificial, ou seja, envolver renúncia e entrega. Em 2 Coríntios 8:1-5, Paulo diz:
“Também, irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus que foi dada às igrejas da Macedônia; como, em muita prova de tribulação, a abundância do seu gozo e sua profunda pobreza abundaram em riquezas da sua generosidade. Porque, dou-lhes testemunho de que, segundo as suas posses, e ainda acima das suas posses, deram voluntariamente, pedindo-nos, com muito encarecimento, o privilégio de participarem deste serviço a favor dos santos; e não somente fizeram como nós esperávamos, mas primeiramente a si mesmos se deram ao Senhor, e a nós pela vontade de Deus.”
Paulo cita o exemplo das igrejas da Macedônia, que eram pobres e perseguidas, mas que se mostraram generosas com os irmãos da Judeia. Elas deram além do que podiam, com alegria e dedicação. A generosidade sacrificial é uma forma de imitar a Cristo, que se deu por nós.
A Generosidade Frutífera
A quinta característica da generosidade bíblica é que ela deve ser frutífera, ou seja, produzir benefícios espirituais para quem dá e para quem recebe. Em 2 Coríntios 9:6-15, Paulo diz:
“Mas digo isto: Aquele que semeia pouco, pouco também ceifará; e aquele que semeia em abundância, em abundância também ceifará, Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, nem por constrangimento; porque Deus ama ao que dá com alegria. E Deus é poderoso para fazer abundar em vós toda a graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, toda a suficiência, abundeis em toda boa obra; conforme está escrito: Espalhou, deu aos pobres; a sua justiça permanece para sempre. Ora, aquele que dá a semente ao que semeia, e pão para comer, também dará e multiplicará a vossa sementeira, e aumentará os frutos da vossa justiça. Enquanto em tudo enriqueceis para toda a liberalidade, a qual por nós reverte em ações de graças a Deus. Porque a ministração deste serviço não só supre as necessidades dos santos, mas também transborda em muitas ações de graças a Deus; visto como, na prova desta ministração, eles glorificam a Deus pela submissão que confessais quanto ao evangelho de Cristo, e pela liberalidade da vossa contribuição para eles, e para todos; enquanto eles, pela oração por vós, demonstram o ardente afeto que vos têm, por causa da superabundante graça de Deus que há em vós. Graças a Deus pelo seu dom inefável.”
Paulo ensina aos coríntios que a generosidade é como uma semeadura que gera uma colheita abundante. Quem dá com generosidade recebe de Deus mais graça, mais recursos e mais bênçãos. Quem recebe com generosidade glorifica a Deus, reconhece o evangelho e ora pelos doadores. A generosidade frutífera é uma forma de participar da obra de Deus e de experimentar o seu favor.
Conclusão
A ética da generosidade em 2 Coríntios nos desafia a sermos mais parecidos com Cristo em nosso relacionamento com Deus e com o próximo. Ela nos convida a sermos sinceros, voluntários, proporcionais, sacrificiais e frutíferos em nossa contribuição para o bem dos irmãos necessitados e para o avanço do reino de Deus.
Que possamos aprender com o apóstolo Paulo e com as igrejas da Macedônia a praticar essa virtude tão nobre e tão necessária em nosso tempo.